terça-feira, 29 de maio de 2012

sobre a timidez


sem querer
e de propósito
a gente se esbarrava
e sem saber o porquê
nunca se olhava
(ao mesmo tempo)
os olhos escorregavam
pelas bolsas
pelos bolsos
procuravam celular, cigarro, calabouços
contornavam as órbitas
constrangidos
procurando abrigo
fora dos óculos
e mesmo quando um
ou outro
forçava o encontro
era de bom tom
e maior conforto
que as pupilas contornassem
as bocas
vacilantes como as de um peixe
abertas em bolhas de silêncio