terça-feira, 13 de março de 2012

tato #2

Um dia Ribamar existiu pelo tato
os anos lhe pesaram na mão
sólidos como seu crânio
enquanto a certeza da morte
escorria macio por entre os fios de seu cabelo


(com certeza mais finos
e escassos do que os meus)


fecho o livro
e o poema me nasce no mundo
como a capacidade tátil nasce Ribamar


brinco por um tempo
com um fio solto por entre os dedos
esqueço de existir.


segunda-feira, 12 de março de 2012

notas sobre a dexistência com x


chamo de 'dexistência'
a prazerosa prática de não ser.
pequenos exercícios que me proporcionam
momentaneamente
a experiência abissal de abandonar a existência
em todos os termos físicos e Aristotélicos.

exercício #1:
como quando aos seis anos
devo espremer os olhos
e soltar os membros no vazio
por fim, preciso apenas
girar
o mais rápido possível
( a velocidade dá a liga entre o dentro e o fora )


exercício #2:
enterrar meu rosto em sua mão
sufocar as narinas
e cegar com a pressão do toque
não emitir um som
ser todo tato
toda palma
( o calor garante a calma de esquecer )