terça-feira, 18 de setembro de 2012

estante


as prateleiras guardam tempos
como pequenos museus
envolvem em poeira
passado
objetos inanimados
bonecas, missangas, porcelanas
e dentes de leite,
tufos de cabelo em papéis
amarelados,
cemitério de quem fui

assoviando
o aspirador de pó
suga a morte da estante
cacarecos, badulaques
em sacos pretos muito grandes
assim se reduz antigos instantes

janela aberta, rajada de vento
as paredes respiram
a promessa dos espaços vazios









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