domingo, 25 de abril de 2010

"you´ll shine like gold in the air of summmer"



No caminho para o centro, atravesso o aterro em um ônibus sonolento. A brisa de domingo, sem pagar passagem, ocupa todos os assentos ao mesmo tempo.
Lá fora, o céu nublado e a grama ensolarada onde a vida desfila, despretensiosa, independente de mim. Dois labradores puxam o seu humano para uma corrida ansiosa, faminta de verde. No canto da janela, uma bicicleta tenta alcançar a minha visão, mas fica para trás.
As pálpebras se fecham com a tentativa do vento de irritar a córnea exposta mas eu sei que, bem como antes, o cortejo da vida continua, indiferente ao meu olhar.
Entre os cílios, a risada muda de uns pequenos me diverte...como são bonitos os filhotes!
Lembrei como me faz falta uns fones de ouvido e logo no minuto seguinte desisti da lembrança, afinal, a música sempre me vem aos ouvidos, como a brisa aos olhos.
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Com Gold in the Air of Summer - Kings of Convenience ecoando no caminho de uma tarde muito agradável.

5 comentários:

  1. Ah, ficou bonicto! Bela descrição, gosto da sua maneira de escrever...bjs

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  2. tava de saco cheio das merdas que tenho lido, ai veio essa tua poesia e me traz paz de novo.
    a paz de descobrir uma poesia.
    que é também uma adrenalina.
    a paz da guerra que termina.
    a paz da menina.
    "a paz
    da
    paz" drummondina.

    não pare de escrever! não pare!

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  3. Seu estilo é sereno, despretensioso e consistente. A cada texto eu te admiro mais; ir longe vai ser fácil pra você :D

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  4. Olá, obrigada.

    "Dois labradores puxam o seu humano" é pérola.

    bj

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  5. Perfeito! Encontrei essa banda, Kings of Convenience, que nunca tinha ouvido, só pra reler o texto na companhia de uma das músicas que sempre acabam chegando aos seus ouvidos.

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