No caminho para o centro, atravesso o aterro em um ônibus sonolento. A brisa de domingo, sem pagar passagem, ocupa todos os assentos ao mesmo tempo.
Lá fora, o céu nublado e a grama ensolarada onde a vida desfila, despretensiosa, independente de mim. Dois labradores puxam o seu humano para uma corrida ansiosa, faminta de verde. No canto da janela, uma bicicleta tenta alcançar a minha visão, mas fica para trás.
As pálpebras se fecham com a tentativa do vento de irritar a córnea exposta mas eu sei que, bem como antes, o cortejo da vida continua, indiferente ao meu olhar.
Entre os cílios, a risada muda de uns pequenos me diverte...como são bonitos os filhotes!
Lembrei como me faz falta uns fones de ouvido e logo no minuto seguinte desisti da lembrança, afinal, a música sempre me vem aos ouvidos, como a brisa aos olhos.
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Com Gold in the Air of Summer - Kings of Convenience ecoando no caminho de uma tarde muito agradável.
Ah, ficou bonicto! Bela descrição, gosto da sua maneira de escrever...bjs
ResponderExcluirtava de saco cheio das merdas que tenho lido, ai veio essa tua poesia e me traz paz de novo.
ResponderExcluira paz de descobrir uma poesia.
que é também uma adrenalina.
a paz da guerra que termina.
a paz da menina.
"a paz
da
paz" drummondina.
não pare de escrever! não pare!
Seu estilo é sereno, despretensioso e consistente. A cada texto eu te admiro mais; ir longe vai ser fácil pra você :D
ResponderExcluirOlá, obrigada.
ResponderExcluir"Dois labradores puxam o seu humano" é pérola.
bj
Perfeito! Encontrei essa banda, Kings of Convenience, que nunca tinha ouvido, só pra reler o texto na companhia de uma das músicas que sempre acabam chegando aos seus ouvidos.
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